Friday, April 24, 2009

Amália Hoje

Não vou sequer perder tempo com olás ou introduções ao que pretendo escrever. Eu preciso mesmo de deixar aqui uma nota qualquer sobre aquilo que me anda a moer o juízo ultimamente. E perdoem-me a minha linguagem descuidada e, possivelmente, contraditória, mas não estou a conseguir organizar correctamente as ideias na minha cabeça.

Alguns já o devem saber. Os que não sabem têm que ficar a saber que um idiota chamado Nuno Gonçalves (pertencia à banda The Gift) decidiu que estava farto de bater umas pívias em casa e achou por bem começar um projecto ao qual designou Amália Hoje. O projecto tem por base pegar no fado que a Amália Rodrigues cantou e adaptá-lo para uma versão mais pop. E quem mais poderia cantar esta piroseira desnecessária se não a Sónia Tavares, a vocalista dos The Gift!! Como se não bastasse o projecto ser improfícuo e escusado, ainda escolhem aquela mulher, que, claramente, deve estar desejosa para pegar no fado e transformá-lo naquelas coisas que ela canta, com aquela sua voz estranha tão típica da sua pessoa. Ainda para mais, já muitos que a viram deambular pelas ruas me disseram que a mulher tresanda a antipatia e gosta de dar nas vistas com o seu ar snob. Nunca na vida é uma criatura destas merecedora de cantar os versos da Amália.

A ideia é atrair uma massa maior de gente e eu percebo a tentativa. A maioria dos jovens de hoje tem uns gostos que deixam um pouco a desejar e é necessário que a música se adapte às novas preferências deles se quer ser vendida - mas isto é lógico. No entanto, não acho justo estarem a usar o fado para este esquema comercial. Quem não gosta do fado genuíno, daquele fado mesmo fado, que canta a crueldade dos dias e a solidão das noites, acompanhado pelo gemido da guitarra portuguesa, não gosta e pronto! Não podemos agradar a gregos e a troianos. Custa-me a mim ver as palavras que a Amália escreveu, e que vieram lá bem do fundo da sua alma, na boca da Sónia Tavares.

Ainda só saiu um single deste álbum que está para breve e, a verdade, é que está a fazer um sucesso tremendo. Quase toda a gente está a gostar desta nova vertente, que puxa o fado das ruas e becos de Alfama para a MTV Portugal.

O problema maior reside no facto de aqui o vosso morcego estar confuso. Sejamos francos, não é como se este projecto fosse capaz de pôr de lado o fado tradicional português. E será que a música é assim tão feia quanto isso? A mim entristece-me saber que a minha mãe - pessoa que sempre deu valor ao fado e preservou na sua memória para sempre a letra do Povo Que Lavas No Rio, que a comove de uma maneira inexplicável - prefere o single da Sónia Tavares à versão original! É preciso dizer que este single é uma adaptação da Gaivota. Da Gaivota!! Podiam ao menos ter pegado em cantigas menos presentes em mim. Se ainda não sabem, fiquem a saber que a Gaivota é o meu fado preferido, depois do Lavava no Rio Lavava, claro. Mais pessoas partilharam comigo que a instrumental da nova versão não é má de todo, mas a mim faz-me confusão.

A verdade é que, de tantas vezes ter ouvido a música, sinto que começo a deixar de desgostar dela. Amália, perdoa-me. Sei que deves estar a berrar na tua campa, mas há um poder qualquer estranho naquela nova versão. Deve ser aquela voz absorvente que a Sónia tem.Mas mesmo se houver uma parte de mim que gosta daquela música horrenda, uma parte muito pequena e insignificante, fica sabendo, Amália, que o fado que abraça o meu coração pertence a ti e a mais ninguém.

Meus caros, dramático como sou (you know me), fui ainda mais longe e fiz uma montagem que tem as duas versões do fado da Gaivota a disputarem uma com a outra. Sejam vocês os juízes:



Sei que podemos ver isto como duas músicas diferentes, mas se aquela gaja continua a cantar os fados da Amália daquela maneira eu não me calo por essas ruas fora. E ai dela que toque no Lavava no Rio Lavava. E agora mete-me pena e fico de coração partido naquela parte do vídeo em que a Amália está calada a ouvir a outra parva, que não percebe que o fado não pode ser cantado daquela maneira.

Guess
P.S.: Ah! A minha mãe já anda por aí a dizer que vai comprar o CD da Sónia Tavares quando sair! Eu não dou permissão, nem pensar!

Tuesday, April 21, 2009

Pequenas Caixas

Caros leitores do Tretas e meus adorados actores, boas notícias trago às vossas casas acolhedoras - o projecto Pequenas Caixas está já finalizado.

Para aqueles que não fazem a mínima ideia o que é este projecto, fiquem a conhecer a curta-metragem que tive que realizar para a minha cadeira de Realização naquela escola cujo-nome-não-deve-ser-pronunciado e já foi referido aqui.

Quis eu criar uma história de protesto ao regime fascista que existe na minha escola e o resultado foi uma pequena sociedade isolada do mundo, abandonada num determinado lugar, obrigada a viver num padrão de igualdade, como objectos. No entanto, a minha mensagem é uma de esperança. Pois basta haver uma só alma que decide não se conformar com aquilo que lhe é imposto para mover os restantes sofredores e instaurar uma revolução justa e necessária.

Durante os poucos anos que habitei este mundo, sempre tive alguns problemas em lidar com aquilo que eu era e aquilo que queriam que eu fosse. A parte de mim que entrego com este filme é aquela que diz não me vou nunca esquecer que me chamo André Martins.

Queria só deixar, mais uma vez, a minha eterna gratidão a todos aqueles que estiveram presentes naquele domingo caloroso em que filmámos a curta. Muito mais que excelentes actores, foram verdadeiros amigos. Uns tiveram que faltar ao trabalho, outros tinham exame no dia seguinte, outros estavam de directa por terem trabalhado durante a noite, outros tinham assuntos bem mais importantes a tratar, mas estiveram todos lá e sei que não sou o único que se orgulha daquilo que foi conseguido. Obrigado. Foi um dia importante.

E agora, sem mais demoras, eis o pequeno conto:



Meus amigos-actores, eu entrego-vos, depois, um CD com uma cópia com melhor qualidade para a poderem guardar para vocês.

Guess

Wednesday, April 15, 2009

Larguem-me, pah!

Queria partilhar uma coisa convosco. Não sou uma pessoa medrosa ou mariquinhas por natureza. Verdade, sou ligeiramente hipocondríaca, mas fora isso, não tenho medo de aranhas nem de abelhas nem de cobras, não sofro de vertigens, não mudo de passeio ou de carruagem quando vejo um bando de mitras... Enfim, sou despreocupada com assuntos medrosos em geral. Mas há uma coisa que me assusta terrivelmente e que é o que eu tenho de mais próximo de uma fobia: carraças. Será que existe um nome estilo carraçofobia?

É verdade. Eu, que trabalho no Zoo. Eu, que lido com animais diariamente e tenho uma bicha em casa. Eu, que passo imenso tempo no campo. Parece que o mundo inteiro se uniu para me tramar.

Ora pois como o Universo é lixado e gosta de nos pôr a enfrentar medos, há que dizer que já tive vários encontros de primeiríssimo grau com este... erm... parasita. Obviamente que já vi muitas carraças em cães, mas isso é normal. Também já fui pior do que sou agora. Antes de trabalhar numa clínica veterinária (que me ajudou e bem a enfrentar este receio sem sentido), se via que um cão tinha uma carraça ou uma pulga, saltava três metros para trás com ar de pânico, como a Kawaii certamente poderá testemeunhar. Agora já sou mais controlada.

E ainda bem. Porque depois de sentir uma carraça a subir-me pela cara até ao cabelo e alguém ma apanhar e atirá-la para a lareira, depois de sentir uma carraça no joelho e tirar as calças no meio da casa de estranhos e sacudi-las que nem uma louca na varanda... Eu esperava que não tivesse mais histórias de carraças para contar. Parece que estava enganada. Bem dizia o meu pai que o meu sangue deve ser doce!

Na péssima e ranhosa noite que hoje passou, em que pouco ou nada dormi (mas em que apaguei luzes e desliguei PC histérica de alegria porque D.E.B.S. é um fartote de rir que só visto!), de manhã fui forçada a sair da cama quando sinto uma comichão na parte interna da coxa e, ao levar lá a mão, apercebo-me logo que ali há bicho!

Há anos que não sentia tanto medo! Foi lançar a carraça pela pia abaixo e enfiar-me na banheira durante uma eternidade, a esfregar-me violentamente e a pôr a depilação em dia! Ainda bem que a minha mãe estava em casa, ela reagiu muito bem face aos meus saltos e gritinhos histéricos. Sim, eu sei. Nem parece meu...

E bem, morta a carraça (à 2ª volta, porque não deitei água suficiente no lavatório e a bicha voltou para me atazanar! Thank God for moms!), a modos que fiquei vagamente contente. Isto porque me lembrei, como há muito não recordava, de como é fantástico sentir medo. De como nos faz sentir vivos. É a segunda melhor coisa a seguir à paixão. É claro que há medos que são comuns no dia-a-dia - medo de perder alguém, medo de chumbar a uma cadeira, medo de chegar ao carro e ter uma multa, - mas esses medos traduzem-se mais por uma ansiedade psicológica do que propriamente por medo. Aquela sensação de pavor que nos ofusca a racionalidade e resulta numa qualquer descarga de adrenalina pouco frequente. É óptimo! Mas isto são os medos bons. Não tenho propriamente vontade de experimentar o terror que deve ser estar nas mãos de um serial killer ou algo do género. Não. Medos assim, de coisas sem sentido e que dá luta tentar combater!

Fiquei com vontade de regressar aos meus tempos de desportos radicais. Sabe Deus que rappel me dava um nervosinho tão grande que não via mais nada à frente...

MJNuts

Bem, vai na volta, parece que estou de regresso ao blog...

Tuesday, April 14, 2009

"Onde Anda a MJNuts?" Perguntam Vocês

Bem, vai algum tempo que eu não aparecia por estes lados. O que vale é que eu, sabiamente, me associei a uma pandilha de Morcegos para garantir que quando me vêm estes laivos de falta de vontade de escrita bloguisto-criativa, alguém mantém o estaminé de boa saúde. Ou pelo menos, em coma induzido! ahah

Como a vontade de escrever continua a não ser muita, vou resumir-vos vergonhosa e descaradamente o que tenho andado a fazer neste mês em que não partilhei tretas com o mundo. Suponho também que este vai ser o post mais inútil que alguma vez escrevi. Hum... Embora este e este sejam concorrentes de peso!

Passando às pseudo-novidades:

* Aderi ao Twitter! Eu, que sou uma gaja que nem liga a estes sites de relações interpessoais! Não tenho Facebook nem MySpace, criei um hi5, mas coitadinho, pouco uso lhe dou! Mas gosto da ideia do Twitter. Como eu o costumo descrever, é basicamente enviar sms para o Mundo e como eu sou telemóvel-dependente... Calha bem comigo. E não, não conto lá a minha vida que acho essas coisas creepy e propensas a atrair stalkers! É mesmo só um "desabafo" diário e uma forma de saber o que andam a fazer pessoas interessantes, tipo os líderes de sites de Lost ou o senhor do PostSecret. Se por acaso também twittarem e estiverem interessados, podem adicionar-me. Vou passar a pôr por lá os updates do Tretas!

* Fiz ATL na Páscoa e fiquei com um grupo de grandes! Rock on! Não sei é se volto a ficar, mas não vou falar disso agora. A pedido de Suas Majestades, os Adolescentes, forcei-me a ver o Twilight. Oh, vá lá! Em minha defesa, o filme tem gente gira! Resumindo, o filme é mau, não TÃO mau, e ainda assim cheira-me que deve ser melhor que o livro em que se baseou, mas a Kristen Stewart surpreendeu-me pela positiva (ela fez-me efectivamente gostar e até torcer por uma personagem que eu desprezava, isto com base no muito que se escreve sobre este assuntos nas internetes) e gostei imenso da banda sonora. O Twilight por si só dava um excelente post, mas como não tenho vontade de o escrever, se se querem divertir com o que dizem as pessoas desta obra, reencaminho-os para o hilariante review que a Lili fez do filme no seu K1111.

* Voltei a pegar em Pushing Daisies, quase um ano depois de ter visto a 1ª temporada. Normalmente faria um belíssimo e longo post sobre as maravilhas desta série, mas lá está, falta a paciência. Posso dizer que é algo de único na televisão actual e que me dói o coração só de pensar que já foi cancelada... Bryan Fuller é um génio cujas séries nunca passaram da 2ª temporada, para minha grande infelicidade. Se Pushing Daisies é de todas a minha preferida, não posso deixar de gabar a qualidade de Wonderfalls e mais ainda a de Dead Like Me. Os americanos devem ter algum problema com abordagens cómicas à temática Morte... Enfim, dentro das más notícias, há luz ao fundo do túnel, e a ABC teve a decência de decidir transmitir os últimos episódios de Pushing Daisies (e Eli Stone, já agora), apesar do cancelamento.

* Foi-me dado a entender que os meus posts sobre Chuck não fizeram justiça à série. Que, de alguma forma, a fizeram parecer mais aborrecida do que realmente é. Vou resumidamente redimir-me do mal que fiz a futuros eventuais fãs da série: Chuck é genial! Chuck é o melhor da vida na TV! Chuck tem gente gira, gente divertida, gente gira E divertida! Chuck tem referências culturais de fazer sorrir uma pedra da calçada! Chuck tem uma banda sonora de chorar por mais! Chuck é rei entre as séries que não se levam a sério e oferecem, GARANTIDAMENTE, 40 minutos de diversão e entretenimento! Chuck é tão bom que me começa a doer o tanto que gosto da série! Ah, e nunca é demais referir que ver Chuck é passar uma hora a apreciar estes dois excelentes actores belos:


E bem, já escrevi bastante mais do que tencionava, por isso vou passar por cima das restantes pseudo-novidades e ficar-me por aqui.

Melhores tempos de escrita virão!

MJNuts

Thursday, April 9, 2009

Dance, Monkeys, Dance!

Palavras para quê?


Guess

Thursday, April 2, 2009

Lavava no Rio Lavava

Ontem à noite fui sair para o Bairro Alto. Já há alguns meses que andava a planear com uns amigos irmos passar uma noite bem passada a uma casa de Fados. A Tasca do Chico. Esse cantinho pequenino e escondido, nas ruas do Bairro, que muitos de nós já ouviram falar, mas que poucos sabem exactamente onde fica. A verdade é que nunca me tinha passado pela cabeça que esta poderia vir a tornar-se uma noite que tão cedo não iria esquecer.

Tenho a dizer que estranhei um pouco todo o ambiente de rigidez e seriedade que pairava por aqueles lados. Eu sei que, no fundo, faz sentido. A tradição do Fado diz-nos que Este é uma coisa triste e pesada que deve ser sentida em silêncio, mas mesmo sabendo isto, fiquei de certo modo admirado pelo respeito imenso que aquelas senhoras e aqueles senhores tinham para com Ele. Eu e os meus amigos éramos, praticamente, os únicos jovens ali presentes. Fomos até sortudos o suficiente para conseguirmos arranjar uma mesa. Parecíamos um pouco deslocados. Até porque muitas senhoras estavam de vestido e alguns dos homens traziam fatos escuros e tinham, quase todos, aqueles lindos bigodes dos homens da velha guarda. Mas naquele espaço tão pequeno e apertado, era quase impossível não ouvir os murmúrios inevitáveis dos portugueses, que gostam de comentar tudo aquilo que estão a sentir. Uma atitude que era constantemente reprimida pelo senhor, que estava a anunciar os fadistas, com um tão estranhamente engraçado 'csssssssssssssssssss'. Uma forma menos óbvia e desagradável que o comum 'shhhhhh' para mandar calar os inoportunos, enquanto o Fado estava a ser cantado.

Os fadistas lá da casa cantavam todos (ou quase todos) lindamente e o facto de não poder estar alegramente a conversar com os meus amigos e ter sido obrigado a ouvir e a sentir o Fado, deu-me a confirmação de algo que eu sempre soube - o Fado é mesmo das coisas mais belas que Portugal tem. Não importa. Já vos dei o ambiente e o contexto; agora dou-vos a história.

M. levanta-se e vai perguntar ao dito homem se eu podia ir cantar o Fado.

O homem que anunciava, já de idade e com uma postura e atitude que impunha respeito a qualquer um, aproximou-se da nossa mesa e perguntou se eu sabia cantar o Fado. Aqueles que estavam comigo, reagiram imediamente com elogios forçados e patéticos à minha voz para convencer o homem que eu realmente cantava bem. Não sei até que ponto enganaram o pobre coitado. Eu sei que não canto mal, venha lá quem vier, mas não creio que me encaixasse na perfeição que o homem estava a averiguar se eu possuía. Convencido, apesar das minhas tentativas para o afastar, tomou nota do meu nome.

Eu fiquei num estado de nervosismo como nunca antes tinha ficado. Sentia o meu coração bater em todas as partes do meu corpo, como se estivesse prestes a fazer o exame mais importante da minha vida. Longos minutos passaram e muitos grandes fadistas encantaram aquele espaço tão acolhedor, que vivia num ambiente escuro de fraca iluminação. Inevitavelmente, o meu nome foi dito. O homem referiu que esta não era, para ele, uma das alturas mais importantes da noite, mas que a casa estava aberta para toda a gente que soubesse e quisesse cantar o Fado. Juntei-me aos guitarristas, que tocavam lindamente, e fiquei rodeado de dezenas de pessoas, como se estivesse numa pequena clareira de uma floresta. Lavava no Rio Lavava, pedi eu.

Claro que não iria cantar outra coisa. Este é, pois, dos poucos Fados que é importante o suficiente para mim para eu o saber de cór. As guitarras procuraram o meu tom e começaram a gemer o seu canto. Os meus ouvidos ouviram, pela primeira vez ao vivo, aquele som tão triste e tão incrivelmente belo que acompanhava um Fado que sempre significou tanto para mim. Fechei os olhos e deixei de estar ali. Demorei uns segundos a perceber quando deveria entrar, pois o ritmo do Fado é algo complicado de apanhar. Mas percebi que funciona um pouco como um rio. É uma corrente lenta de água que passa à nossa frente. Não sabemos ao certo qual a melhor altura para saltar, mas, assim que o fazemos, estamos já entregues àquele ritmo e velocidade viciantes e nada nos separa deles.

Não sei se cantei bem ou mal. Sei que nunca tinha sentido algo daquele género. Eu, que acho sempre que já esgotei todo o tipo de sensações, estava agora a experimentar algo do outro mundo. Não me lembrava sequer que estava num bar, não pensava nisso. Estava noutro lugar qualquer a sentir um turbilhão de coisas, embaladas pelo choro das guitarras portuguesas.

Se já não lavo no rio porque me gela este frio mais do que, então, me gelava?

A música terminou e acho que as pessoas aplaudiram. Pelo menos, assim mo contaram porque eu não tenho mesmo a certeza. Não estava bem em mim. Estava emocionado e demasiado confuso pelas palavras que tinha cantado me terem saído com uma facilidade surreal. Não sei se cantei bem ou mal, mas M. diz que se arrepiou e a verdade é que o meu pobre homem me convidou a aparecer quartas-feiras à noite, quando quisesse, para cantar.

Achei que, no meio de tantas tretas que escrevo aqui neste nosso blog, devia partilhar com vocês uma noite que me entregou um dos momentos mais importantes da minha vida.

Hoje estava a cantar o Fado no autocarro. A Mulher de Vermelho disse-me que se tivesse a minha voz saberia logo o que fazer com a sua vida. Para não a desperdiçar.

Por vezes, pergunto-me se não sou uma daquelas vivalmas que, à medida que os anos passam, se afastam da promessa do seu potencial para fazer outra coisa. Como um diamante bruto que não foi aproveitado e se estragou.

Para quem quiser ouvir o Fado que cantei:



Guess

P.S.: Mas este post não faz justiça àqueles 3 minutos de Fado, que deixaram em mim uma sensação qualquer permanente, como se tivesse deixado algo naquele lugar.