Thursday, September 27, 2007

E a Rúbrica Musical Deste Mês É... *rufar de tambores*

ONDA CHOC!!!

Ah pois é! Esses grandes e magnânimos talentos do tempo em que eu nem sabia o que era depilação!

Onda Choc tem qualidade, senhores! Podem crer nas minhas palavras! Eu sinto-me feliz por pertencer a uma geração que via nos Onda Choc os grandes ídolos nacionais, em vez dos actuais D'ZRT que não valem um chavo! Os Onda Choc plagiavam as melodias descarada e orgulhosamente! Tão descarada e orgulhosamente que, aos primeiros acordes, nunca se sabe se se está ouvindo a versão original ou a cantoria Onda Choc! Eat that, D'ZRT! Esses meninos velhos e bexigosos a fazerem-se de novos nem sequer têm tomates para copiar com dignidade. Não! Eles vão buscar músicas lá dos subterrâneos do Japão e vão-se safando porque ninguém as conhece! Seus reles!

Onda Choc é atitude! Onda Choc é a parvoeira adolescente reunida numa receita de boas vozes e excelentes sonoridades (como o sucesso das versões originais comprova, portanto). Onda Choc são essas magníficas vozes da Patrícia Matos, da Vanda Antunes e da Ana Rita Rolo (não se tornaram famosas a solo porquê, oh babes?)! São elas e o coro lá por trás, que é do melhor! São elas e os meninos que só podem ter dado em gays ou nunca teriam ido parar aos Onda Choc!

Onda Choc é Ana Faria em mais um projecto de valor para múltiplas gerações! A senhora é um génio da adaptação musical!

Não tenham vergonha das vossas pancas musicais. Obviamente que a malta é toda muito culta e muito dentro do sistema de artistas underground e/ou conceituados, mas curtir Onda Choc não é vergonha nenhuma! Há estilos e estilos e Onda Choc é uma maravilha para gozo e rambóia! É uma identidade nacional! Nós também nos queixamos da balança e das aulas e da semanada e do rapaz parvo que nos fez a vida negra! E também gostamos de chuva e de ouvir rádio! Também temos sonhos e ambições, também sofremos desgostos e temos amigos! Onda Choc é tudo isso e com diversão garantida!

É a loucura!

E para isto ainda ter a vaga semelhança do que é suposto ser a Rúbrica Musical desta banca de Tretas, aqui vão uns conselhos simpáticos. Dos hits para curtir à brava, oh yeah!

1. Ele é o Rei - incontornável! é O hit dos grandes senhores que são os Ondinhas!
2. Deixa-me em Paz - essa mega mega mega malha! é do melhor! "enquanto me dizias gostar de mim/que eu era o teu amor/namoravas também com a Leonor"! it doesn't get much better!
3. Ao Meu Lado - vou sair com este e com aquela, vou aqui e acoli, é a bombar a toda a hora!
4. Visto-me À Minha Maneira - intemporal! quem não tem brigas de indumentária com as autoridades paternais a dada altura da vida? ah pois é!
5. Ó Mãe, Sobe a Semanada - esta é eterna, é para sempre! dinheiro falta-nos a todos! ai o cinema e o almoço!
6. Em Nós - um hino à geração Onda Choc! nós queremos aquilo tudo e vamos fazer aquilo tudo, só têm de confiar na gente!
7. Férias de Verão - o expoente máximo da foleirice adolescente! "- eu andava a aprender a nadar/- eu salvei-a de se afogar"! o John Travolta e a Olivia Newton-John só têm de se sentir orgulhosos!
8. A Balança Diz Não - mas quem é que deixa de caber no casaco por um saco de gomas, Deus meu?!
9. Não Quero Ouvir Falar em Escola - nós também não, amigos! a gente compreende!
10. Sonho Cor do Mar - ah, a minha pontinha de melancolia! a canção mal cantada e desafinada que me põe sonhando como um bebé...

Tomem lá o vídeo da praxe! Reparem bem na delícia das danças apaneleiradas e das roupas ainda a pavonear o scary-style dos 80's!



Onda Choc é muito bom, pah!

MJNuts

Monday, September 24, 2007

Submundo Gay

Sendo este um blog onde nenhum assunto é tabu, mais tarde ou mais cedo, a homossexualidade seria aqui tratada. Não pretendo aborrecer ninguém com conversas sobre a natureza da homossexualidade ou a discriminação que existe - para isso já nos chegam os filmes, os livros, as reportagens ou aqueles documentários aborrecidos e irrelevantes, que começam a crescer em quantidade notória.

A forma como as pessoas lidam com aqueles designados por gays tem vindo a sofrer constantes alterações ao longo dos tempos. Embora agora as pessoas sejam mais racionais (não é?) e já não olhem a SIDA como uma doença demoníaca exclusiva dos homossexuais, a verdade é que parece que haverá para todo o sempre um conflito e um preconceito entre os heterossexuais e os homossexuais - perdoem-me por estar a usar imensos rótulos para designar as pessoas, mas não há outra forma de tratar este assunto.

Pergunto-me se este preconceito notório será motivo suficiente para levar homossexuais a criarem um submundo gay onde se possam refugiar. Clubes, bares, discotecas e até mesmo bairros inteiros. Cada vez é maior o número de espaços e locais onde, embora não exista nenhuma exclusividade para gays, a presença destes é de tal modo esmagadora que passam a ser os seus territórios, por assim dizer. Pessoalmente, conheço até pessoas que, após se assumirem e terem visitado, inocentemente, alguns desses locais tão tipicamente gays, não procuram mais outra coisa.

A verdade é que compreendo a sua opção e a sua atitude. De certa forma, é uma auto-defesa a criação de locais onde sintam que podem dançar, andar e agir como querem e lhes bem apetece sem sentirem que estão a ser julgados e apontados. No entanto, o seu afastamento da maioria da sociedade em busca de conforto aumenta ainda mais a profundidade do foço que existe entre gays e heteros. Será vantajosa ou realmente necessária a criação destes lugares? Quero dizer, não existem discotecas que sejam nomeadamente para heterossexuais. Ninguém conhece uma discoteca por ser visitada por heterossexuais. No entanto, existem inúmeras discotecas gay que assim são assim referidas.

Não tomo nenhum partido. A minha opinião é "neutra". Queria saber a vossa.



A famosa discoteca gay em Lisboa no Rato - Trumps.


Guess

Sunday, September 23, 2007

Death at a Funeral - Morte num Funeral

Já repararam que, no mundo do cinema que temos no nosso Portugalinho, o que é realmente bom passa ao lado da publicidade? Sim, com sorte lemos uma crítica que nos chama a atenção ou então um filme underground deu polémica lá fora e até aparece uma entrevista com o realizador num folhetim de cultura.

Mas, seja como for, a verdade é que a nata do bom cinema passa ao lado dos circuitos comerciais. Não aparecem anúncios nos jornais. Não dão os trailers na televisão. Não se conhece o título original e menos ainda lá se chega pelo horror das traduções portuguesas (acrescento que foi isso que me impediu de ver Little Miss Sunshine quando passou pelas nossas salas).

E pronto, Death at a Funeral é mais uma dessas pérolas com entrada discreta nas nossas salas. Tão discreta que provavelmente sai daqui a pouco tempo e quase ninguém terá tido a sorte de lhe pôr as orbes em cima.

Death at a Funeral é uma comédia britânica do realizador Frank Oz. Começa logo por deixar antever bons momentos com um fabuloso genérico animado de um caixão a percorrer um mapa.

Muito resumidamente, trata-se do reencontro de uma família para o funeral do patriarca (não é lindo como de facto as famílias só se reúnem para coisas destas?). Antes da cerimónia, somos apresentados aos diversos protagonistas e ficamos a ter uma vaga noção das sua motivações. Temos Daniel e Jane, o filho mais velho e a sua esposa, que ainda viviam na casa do pai morto apesar de estarem a fazer planos para se mudaram. Temos Robert, o filho mais novo, escritor famoso que abandonou a família para se dedicar aos prazeres dos EUA. Temos Martha e Simon, a sobrinha e noivo, que não consegue nem por nada agradar ao futuro sogro. E Troy, o irmão de Martha, muito dado às substâncias farmacológicas. Para não falar do hipocondríaco Howard, do ainda-obcecado-pela-Martha Justin e do sempre presente Tio Alfie. Ah, e o anão Peter. Muito importante.


Uma galeria de personagens deliciosas com quem podemos definitivamente contar para umas boas gargalhadas. Sim, porque há muito que não me ria tanto no cinema!

Não quero dizer muito porque não quero estragar nada a ninguém. Preparem-se para ser inteligentemente surpreendidos. Preparem-se para ouvir gargalhadas tão altas (há sempre gente assim no cinema) que querem prestar novamente atenção ao filme e não conseguem. Preparem-se para tremer quando se fala em Valium. Preparem-se para se divertirem e ficarem bem-dispostos.

Vão ver o filme, a sério. Apreciem a diferença entre o requinte de uma comédia britânica que nos faz rir com vontade sem cair na piada fácil e no exagero do estereótipo da típica comédia americana.

Não percam Death at a Funeral, até porque o cartaz em vigor este mês não é nada de extraordinário e este é sem dúvida o melhor filme que por lá circula. Vão ver que não se arrependem.


MJNuts

Monday, September 17, 2007

Considerações Sobre os Emmy '07

Eu tenho de me deixar destas coisas de ver cerimónias americanas e fatelas até às tantas da manhã...

Antes de mais, o meu muito obrigada ao AXN por ter reparado que ver 4 horas de televisão com a Liliana Neves a tagarelar infinitamente sobre as coisas mais absurdas não é o desejo dos fãs parvos, que nem eu, que se aguentam no sofá à falhados para ver estatuetas feias e douradas serem entregues a ídolos (ou não).

Fora isso, realmente não há glamour como o dos óscares. Sim, os filmes às vezes são péssimos e a malta até viu coisas bem melhores nas salas de cinema. Mas do tempo de antena dado aos apresentadores, passando por um muito maior esforço dos anunciantes do vencedor em fazer suspense, os óscares só ganham como espectáculo visto em casa.

Anyway, vi mais anúncios do que cerimónia. Ou tecnicamente, vi mais vezes O anúncio do AXN a anunciar as suas novas temporadas que algures lá para o meio mete um MEGA-cameo de uma coxa que só para aí à 6ª vez descobri que era uma coxa a despir uma saia. Sim, houve assim taaaaantos intervalos.

A minha maior alegria da noite... Bem, na verdade foram duas. Mas vamos à 1ª e mais ridícula e mais fangirl-ish, aquela em que estava a pensar quando escrevi a 1ª frase deste parágrafo. O Hugh Laurie estava lindo, britânico e sentado AO LADO de uma Lisa Edelstein de arrasar, vestida de vermelho!!! Se aqueles dois não se papam num futuro próximo, nem que seja no ecrã!, dá-me uma coisinha má. E foram filmados várias vezes aos segredinhos ao longo da cerimónia! Weee!xD Ah, e claro, é sempre bom ver a Ellen, mais não seja porque se sabe automaticamente que ao lado dela está a bomba da Portia de Rossi, que é sempre um regalo para a vista.

Quanto aos prémios. Boriiiing! E não é como se eu visse poucas séries e não conhecesse nada daquilo! Houve algumas surpresas, nomeadamente o facto de terem roubado tudo aos The Sopranos nas categorias de actuação deixando-os apenas com o Emmy de Melhor Série Dramática (além dos Emmy de Argumento e Realização, ok).

Deixo-vos aqui a lista de vencedores, então:

Melhor Drama: The Sopranos (nada a contestar)
Melhor Actor em Drama: James Spader em Boston Legal (what?! a série não contribui nada para a felicidade geral e o papel do Alan Shore resume-se à mesma cara inexpressiva em 70% do tempo, acompanhada de diálogos bastante bem escritos. bah!)
Melhor Actriz em Drama: Sally Field em Brothers&Sisters (uma surpresa, um discurso idiota. acho que a senhora faz um grande papel na série, mar por acaso não estava à espera de a ver vencer)
Melhor Actor Secundário em Drama: Terry O'Quinn em Lost (YESSSSSS! --> 2ª maior alegria da noite, portanto)
Melhor Actriz Secundária em Drama: Katherine Heigl em Grey's Anatomy (WTF?! Deus me perdoe que eu até acho a Heigl um amor de ser humano, mas PRÉMIOS para a Izzie Stevens?? aquela que não dá lá muito trabalho a construir se comparada à Cristina Yang e à Miranda Bailey?? minhas ricas restantes nomeadas... A terapeuta de Lorraine Bracco já merecia consagração)

Melhor Comédia: 30 Rock (para mim, seria My Name is Earl... oh well, enquanto não for Ugly Betty a levar prémios para casa, dou-me por feliz)
Melhor Actor em Comédia: erm... eu parece-me que foi o Ricky Gervais por Extras, mas tendo em conta que o Steve Carell subiu ao palco histérico e fez uma algazarra a meia com o Stephen Colbert e o Jon Stewart, fiquei na dúvida. Mas acho que isso foi piada. Ricky Gervais, portanto. Merece. Num ano em que faltaram os sempre brilhantes Jason Lee e Zach Braff.
Melhor Actriz em Comédia: America Ferrera em Ugly Betty (alguém se esqueceu de reparar que a Felicity Huffman E a Mary-Louise Parker também estavam nomeadas?! terrorrrrrrr!)
Melhor Actor Secundário em Comédia: Jeremy Piven em Entourage (muito previsível, mas o Jeremy Piven é grande e merece tudo! és o rei!)
Melhor Actriz Secundária em Comédia: Jaime Pressly em My Name is Earl (eu sei que há muita gente que não gosta da série, mas Jaime Pressly é perfeita como Joy e a postura clássica e contida da actriz só demonstram mais uma vez o empenho e trabalho de caracterização da actriz na sua Joy. fiquei com alguma pena, porque adoro a Celia de Elizabeth Perkins, mas a minha lealdade vai sempre para a Joy!)

E é a isto que se resumem 4 aborrecidas horas de emissão. Pelo menos é a isto que se resume o que nos interessa.

MJNuts

Thursday, September 13, 2007

Pedagogia de Qualidade!

Acho que há lições de vida muito importantes... Temos de ouvir os sábios que nos aconselham neste longo caminho sinuoso!

Em 21 anos de existência, eis a maior pérola pedagógica que me apareceu:



A Rua Sésamo é uma referência educativa digna de registo. A Disney é muito bonitinha com os seus bons conselhos morais.

Mas para a malta hardcore que não quer saber de falinhas mansas e quer é arranjar porcaria e confusão... lembrem-se do Mamute! É assim que elas acontecem!

MJNuts

P.S.- Da próxima vez que me calhar um grupo de crescidos no ATL, a ver o longe que vão com esta pedagogia!xD

Monday, September 10, 2007

Adolescente...

Preparo-vos já para um post mais pessoal do que o que é hábito por aqui. Pelo menos o que é meu hábito.

Acredito que cada experiência é uma oportunidade para o auto-conhecimento, só depende de nós aproveitá-la. Chega a um ponto em que já nos conhecemos bastante e é preciso mais trabalho para nos surpreendermos a nós próprios. Mas acontece.

É preciso muita coragem, muita honestidade, para olharmos para dentro e sermos capazes de nos ver. Por mais que não queiramos, o ser humano é uma entidade obscura. Com potencial para o Bem e para o Mal. Por mais que preguemos o Bem, está inato, inerente em cada um de nós, a capacidade de fazer o Mal. Resta-nos aceitá-lo e combatê-lo. Ou negá-lo e viver com a culpa de que tal coisa existe.

Os segredos mais pesados são os que escondemos de nós mesmos. É preciso um trabalho solitário, doloroso, pesado para admitirmos a nós próprios as nossas falhas, os nossos defeitos, o que tantas vezes fazemos de errado e só nos fica mal.

Faz parte do crescer. A infância, para o comum e feliz mortal de classe média, é uma redoma de vidro. Um globo daqueles com água e que tem floquinhos de neve que flutuam suavemente com a ondulação. Esse é o mundo que conhecemos em crianças, enquanto vivemos o mais protegidos possível dos perigos que há lá fora.

Mas chega uma altura em que já conhecemos os flocos. E já sabemos de cór cada porção de vidro. E já nadámos em todas as ondulações e percorremos todas as correntes. Então aquela abertura no fundo do globo é a oportunidade de um mundo novo. É a chave da exploração e da conquista.

E crescemos e saímos e somos adolescentes. E já não temos desculpa quando fazemos disparates porque já saímos do globo e ainda não temos permissão para fazer tudo porque acabámos de sair de lá.

O corpo muda e a mente também. E é tudo confuso e tudo deixa de fazer sentido. Existo porquê, mesmo? Qual é a minha utilidade? Não podia ser ainda criança? Não posso já ser mais velho? Desde quando é que tenho borbulhas? Porque me interesso subitamente pelo sexo oposto? E de onde veio esta raiva contra o mundo em geral?

A adolescência é, acima de tudo, um percurso interior. Um percurso interior a que muitos fogem. Os adolescentes têm o poder. Um adolescente pode tornar-se no que quiser se assim o desejar. Aos 12, 13, 14, 15 é-se um ser humano em potência. Não temos vícios, somos refrescantes, não estamos presos ao hábito porque tudo é tão novo que o conceito de rotina é embrulhado num universo de surpresas. Podemos ser preguiçosos e ir na onda em que nos transportam ou podemos tornar-nos naquilo que gostaríamos de ser, podemos trabalhar para isso.

Os adolescentes são muitas vezes, injustamente, colocados no "saco social" do velho estereótipo da idade do armário e da idade da parvoíce. Sim, há adolescentes parvos, como há crianças idiotas e adultos estúpidos. Isso é da pessoa, não da fase da vida.

Ser adolescente é lindo. Não sei se há algum adolescente a ler-me, mas é bom que saibam isso. Ser adolescente é sofrer e estar sozinho, mas é lindo. Muitos adolescentes só se têm a si próprios e aos outros adolescentes. Há os pais que deixam de compreender os filhos e se viram para os irmãos mais novos e ainda na infância fácil. Ou que simplesmente ignoram e se desculpam com o preconceito da "fase". Há os professores que já têm mais com que se preocupar e não querem saber. Há uma ausência de apoio, há um desamparo que dói e magoa e traz consigo uma certa irreverência, uma certa rebeldia. Nós sozinhos contra o Mundo.

E então elevamo-nos e achamo-nos tão maiores. Tão melhores. Estamos acima de todos e percebemos tudo melhor e já vivemos tudo e já sabemos imenso. E tornamo-nos algo arrogantes e pretensiosos sem disso termos noção.

Mas é só uma defesa. Um adolescente é socialmente exibicionista por natureza. Daí a tendência para as novas experiências, nem sempre aconselháveis. Fumar é fixe? Apanhar besanas é do melhor? Fazer sexo porque já ninguém é virgem?

Não há pressa. A vida não acaba com a adolescência. A vida começa com a adolescência. Não precisamos de fazer tudo, de cometer todos os pecados e todas as asneiras para gostarem de nós. Quem interessa, gosta das inseguranças e dos sorrisos, das brincadeiras e dos pequenos passos.

Há tempo para aprender que existem pessoas completamente diferentes de nós. Assim como existem pessoas tal qual como nós. Existem vegetarianos e existem gays. Existem racistas e existem chineses. Existem pessoas que sofrem por coisas ridículas e pessoas que suportam dores inimagináveis. Há de tudo porque somos pessoas e no fundo somos muito parecidos em muitas coisas, se conseguirmos apenas ter a humildade de ver, compreender, aceitar a diferença. Aceitar a semelhança.

Sou muito adolescente, ainda. Será que serei sempre? A novidade assusta-me até que a assimilo. A inocência é, por muito estranho que possa parecer, uma característica que prezo muito e que se vê tão bem nos olhos das pessoas... Falo como os adolescentes e sou meio resmungona. Tenho os hábitos de sono completamente absurdos que se diz que as hormonas dão aos adolescentes. Sinto-me crescida e responsável quando me tratam como adulta que já sou. Sinto-me feliz e excitadíssima quando me envolvo em brincadeiras de criança. Que há de mal em correr? Andar às cavalitas? Balões de água?

A vida não tem de deixar de ser divertida. A vida não se pode levar a mal, é sentir e viver.

Sou fã de adolescentes. E vejo beleza no interior de todos eles. Há uns que são aves raras por excelência. Há os feitios complicados. Há os rebeldes crónicos e os inseguros crónicos. Há os calados e os extrovertidos. Há aqueles tão raros que são compreensivos (e isso é maravilhoso!).

Há muitos tipos de adolescentes, como há muitos tipos de pessoas. Qualquer que seja o tipo, o Mundo corre dentro deles e podem ser tudo.

Não se preocupem com as borbulhas. Nem com as gorduras. Nem com as intrigas. Não vale a pena fazer grandes dramas com os rapazes e as raparigas. Esqueçam os gostos iguais aos de toda a gente e encontrem a vossa identidade, que estar integrado não é ser idêntico. Se acham que não são amados o suficiente, se acham que o pai, a mãe, o irmão, a Abelha Maia, não vos dá atenção suficiente, queixem-se. Se ninguém vos curte, larguem a paranóia. Se são cruéis, esperem receber o mesmo em troca. Se são orgulhosos, chorem sozinhos. Se não têm orgulho, uma pequena dose dele faz sempre falta. Cresçam e riam e aproveitem.

Feitas as contas, numa vida bem vivida, o velhote chega ao seu dia final e confessa que nunca deixou de ser adolescente.

MJNuts

Friday, September 7, 2007

Felicidade Pré-Feita

Escolhe uma vida. Escolhe um trabalho. Escolhe uma carreira. Escolhe uma família. Escolhe uma televisão plasma de alta definição, escolhe uma máquina de lavar, carros, aparelhagens e abre-latas eléctricos. Escolhe um estado saudável, colestrol baixo e um bom seguro de saúde. Escolhe uma boa casa para começares a tua vida independente. Escolhe os amigos. Escolhe uma roupa notória e uma mala a condizer. Escolhe uma poltrona moderna, um tapete prático para limpar e um comando televisivo universal. Escolhe uma vaga abrangente de canais e dorme a sesta no sofá nas tardes de domingo. Escolhe o canal dos concursos televisivos ou das telenovelas. Escolhe as horas exactas em frente ao televisor e a comida-de-plástico necessária para essas horas. Escolhe um bom parque para passear o cão. Escolhe o jornal de todas as manhãs e o Café para o ler. Escolhe um bom futuro e um motivo para seres recordado. Escolhe calções de banho compridos, um bronze atractivo e uma vaga de fotografias para provares os lugares exóticos onde estiveste. Escolhe a discografia completa do teu cantor preferido e uma prateleira discreta para a expôr. Escolhe estores eléctricos e o aspirador ideal para o chão da cozinha. Escolhe um seguro de vida e um alarme contra roubos. Escolhe aquelas bolachas que tanto gostaste mas que são difíceis de encontrar. Escolhe uma bicicleta com travões de disco, um assento de gel e um cadeado com uma combinação de 6 dígitos. Escolhe um pacote de aulas de golf, um dia da semana para lavar o carro. Escolhe a casa onde passarás o próximo Natal em família. Escolhe uma colecção de música clássica para desenvolver o intelectual do teu filho enquanto bebé (não é o que dizem?). Escolhe a camisa que a senhora da perfumaria usava, o perfume que os outros gostam de cheirar em ti, os óculos de Sol, o relógio que é accionado através da pulsação. Escolhe fazer compras no supermercado onde parte dos lucros vão para crianças necessitadas. Escolhe ver documentários em família sobre o futuro do mundo. Escolhe a melhor frase que expressa a dor que sentes sobre esse futuro. Escolhe uma motivação e princípios fixos. Escolhe a roupa para usar na festa depois da formatura, o presente mais caro para o teu melhor amigo e uma caneta que escreva sobre qualquer superfície. Escolhe momentos passados para esquecer. Escolhe aquelas pessoas que queres odiar e aquelas que queres idealizar. Escolhe perguntas pertinentes sobre a existência do ser ou indiferença perante o inexplicável. Escolhe o caminho mais fácil ou o mais difícil porque é engraçado ser diferente.

Mas para quê? Eu escolho não escolher.


Guess