Sunday, August 26, 2007

Bora Lá Dar Dores de Cabeça à TVI!

Como deve ser do conhecimento de todos os seres humanos com televisão que frequentam esta humilde Treta, a TVI é um horror. De novelas a Morangos, ao Jornal Nacional que é uma piroseira, sem esquecer o novo orgulho nacional: o Toca A Ganhar.

Pondo esses detalhes de parte, que só vê quem quer, há certas coisas na TVI a que uma pessoa até gostava de deitar o olho... Seja a premiada House M.D. ou aquela série pela qual eu não dava um chavo e que me surpreendeu muito pela positiva, Médium. Temos ainda Nip/Tuck, That 70's Show, The Office... Enfim, um mar de qualidade. Ena pah, nunca pensei dizer esta palavra associada à TVI!

Pois é, as séries lá estão, mas e o horário? Algures depois da 1h da manhã, espalhadas antes e depois do tal orgulho nacional da coitada da moça que passa a maior parte do tempo a gaguegar nervosamente sozinha para uma câmara solitária. Horário de segurança, de profissional de saúde a fazer noite, coisa assim. Sim, porque o cerne da sociedade a essas horas ou está a dormir, ou está na rambóia!

Por isso, o meu companheiro das andanças do Hotvnews (http://hotvnews.wordpress.com/wp-admin/) Manuel Reis criou, com o apoio do Hotvnews e agora também do Tudo Tretas (é um pequeno apoio, mas mais vale pouco que nada), uma petição online para abrir os olhos à TVI do mal que estão a fazer às suas séries e da quantidade de espectadores que ficam irados com estas atitudes. Se queremos que as coisas mudem, temos de fazer alguma coisa e este é um pequeno gesto que talvez venha a dar frutos.

Aqui fica o site da petição: http://www.petitiononline.com/offitvi/petition.html . Assinem por um melhor serviço de televisivo, pela magnífica cultura que a TVI nos está a fazer perder. Se por acaso acham que não estão a perder nada, assinem à mesma. Já viram o gozo que dá o Zé da Esquina chatear os grandalhões?

MJNuts

Friday, August 17, 2007

31 Songs

Ora bem... Hoje decidi que a rúbrica musical que supostamente ia passar a ser apresentada uma vez por mês vai, exclusivamente neste belo Agosto, sofrer umas ligeiras alterações para melhor e mais interessante.

Proponho-vos um exercício mental, de espírito, e aqui vos apresentarei o resultado do meu. Já o fiz antes, uma ou outra vez, mas o resultado é sempre diferente.

Começando pelo princípio, Nick Hornby, um dos poucos autores ditos light de quem gosto (autor do absolutamente genial Alta Fidelidade e do agradávelzinho Era Uma Vez Um Rapaz), tem umas ideias giras para livros, sempre repletas de música e do quotidiano. Daria um excelente bloguista de certezinha absoluta. Adiante, este senhor escreveu um livro estilo crónicas ou ensaios em que conta as histórias das 31 Canções da sua vida. Porque são aquelas e não outras, porque o marcaram, em que momentos o acompanharam, essas coisas. Como está mais que chapado no assunto, o livro chama-se 31 Songs, claro está.

Como podem calcular, se eu fosse a deixar aqui o que cada música significa para a minha pessoa, dava espaço para nova obra. Não, não vos vou aborrecer com detalhes (a não ser que mo peçam e, nesse caso, logo se tratará de fazer uns postzitos à margem).

É muito simples. Vão pensar na vossa vida, na vossa música e vão escolher apenas 31 Canções. Podem adorar centenas e serem tão mega-fãs, sei lá, dos Queen, que o facto de serem apenas 31 vos despedaça a alma. Não interessa. As regras são 3, esta é a 1ª: apenas 31 canções. As outras 2 ainda mais dolorosas são.eheh Não se podem repetir artistas/bandas. Esta é que dói como tudo, que parece que estamos a dar facadas nas costas dos músicos do nosso coração. A 3ª e última, dolorosa para os mais clássicos: não podem incluir música clássica na lista.

Fácil, não é? De resto, podem incluir músicas infantis, genéricos de desenhos animados, canções de filmes, tudo!

Aqui ficam, então. As minhas 31 Canções. Numa tentativa nem sempre bem sucedida de manter uma ordem cronológica minimamente coerente.

1. Rui Veloso - Não Há Estrelas no Céu
2. Resistência - Não Sou o Único
3. The Cranberries - Zombie
4. Michael Jackson - Earth Song
5. Delfins - Ser Maior
6. Espen Lind - The Buffalo Tapes (My So-Called Friends)
7. The Verve - Sonnet
8. Seal - Kiss from a Rose
9. Nirvana - The Man Who Sold the World
10. Nelly Furtado - I'm Like a Bird
11. Creed - Wash Away Those Years
12. Genérico final da 1ª temporada dos Digimon que passou em Portugal ("Quando o tempo parou/Senti-me longe de tudo,/Muito longe de mim...")
13. Anastacia - Comboys&Kisses
14. The Corrs - Queen of Hollywood
15. Alanis Morissette - Forgiven
16. Pearl Jam - Alive
17. Dido - All You Want
18. Theatre of Tragedy - A Distance There Is
19. Nightwish - Walking in the Air
20. Apocalyptica feat. Mathias Sayer - Hope vol. 2
21. Train - Drops of Jupiter
22. Carlos do Carmo - Gaivota
23. Emiliana Torrini - The Sound of Silence
24. Maria Rita - A Festa
25. Tori Amos - Spark
26. "Hércules" (jovem) - Eu Irei Mais Longe (versão portuguesa de Hércules da Disney)
27. James - Born of Frustration
28. Within Tempation - Grace
29. Jeff Buckley - What Will You Say
30. The Dresden Dolls - The Perfect Fit
31. Nemesea - Angel in the Dark

Ei-las então. As minhas 31. Jesus, que isto é nostálgico! Vão-me perdoar ali os exemplares de mau gosto, mas há que ser justa. Não tenho culpa que dada pirosada tenha sido importante em dada fase da minha vida. Aconteceu!

Se quiserem, deixem as vossas 31 Songs nos comentários, caso vos dê para isso. Senão, fica uma sugestão que vos vai levar a caminhos musicais marcantes e há viagens que são sempre boas de se fazerem.

MJNuts

Saturday, August 11, 2007

Testamento

Ora bem... Não pretendo com este post passar por suicida! Não, não, nada disso. Descansem as mentes preocupadas que eu sou um ser humano que provavelmente não passará dos 60, mas fará tudo para aproveitar ao máximo os 39 anos que lhe restam!

Seja como for, a morte é daquelas coisas que, irremediavelmente, fazem parte da vida. E os lamechas hão-de perguntar "Então e o amor?". E eu digo "O amor é sobrevalorizado, pah!". O amor pode ou não fazer parte da vida. Os putos deixados ao Deus-dará não conhecem o amor de mãe. Muito boa gente atravessa a sua vidinha sem nunca se ter apaixonado verdadeiramente. E etc e tal.

O que nos leva à verdade evidente de que a morte é, sem qualquer sombra de dúvida, das poucas certezas que há na vida. E, para mostrar que sou cool e que isto é um blog de gente séria, vou passar a tratar a vida e a morte como entidades e indicá-las com letra maiúscula neste post. Bem, se a Vida e Morte voltarem a aparecer, claro.

Já pensaram como seria se, sei lá, morressem hoje, amanhã? Já pensaram na infinidade de coisas que deixariam por ver, fazer, sentir, viver se morressem agora? A malta é jovem e tenta não pensar nessas coisas, mas a verdade é que azares acontecem. Acidentes de carro, estar no sítio errado à hora errada, assaltos violentos, doenças fulminantes... A nossa vidinha é muito frágil e está sempre por um fio! Assustador, não é?

Volta e meia, estes pensamentos ocorrem-me. Sempre numa onda de boa disposição e leveza, obviamente. Mas às vezes interrogo-me de como reagiriam os meus pais, os meus amigos, quem iria ao funeral... E será que já disse a alguma entidade importante que gostava de ser cremada e não enterrada? Com as cinzas largadas sobre a terra do meu pai? Estas pequenas parvoíces que são ditas da boca para fora e não estão escritas em lado nenhum. Pelo menos em lado nenhum oficial.

E se morresse, como é que as pessoas que gosto eram avisadas? Como é que os meus pais sabiam qual dos Joões (Joãos?) do meu telemóvel é um dos meus melhores amigos? Como é que iam adivinhar que a Giovanna está em Bilu Bilu e a Filipa em Usagi? E a malta da Internet, que após anos de MSN e sms e poucos ou muitos encontros por aí até já se tornou amiga e parte da nossa vida? Como é que as pessoas ficam a saber para poderem aparecer?

E as minhas coisas? Quer dizer, eu, que até sou vagamente desprendida das pessoas e dos acontecimentos (guardar rancores? o que é isso?), sou muito agarrada às minhas coisinhas! Gosto muito dos meus livrinhos e prezo muito a minha colecção de DVD's, que é uma montra de qualidade e bom gosto, evidentemente. E ainda tenho cerca de 70 CD's originais, não é brincadeira! Quem é que fica com eles, hum? Bem, os livros podem ir para a Giovanna, minha parceira de leituras (ai que eu já nem leio 1/4 do que costumava...). Se bem que os livros infantis e juvenis deveriam ir para a catrefada de putos que a minha família tem parido nos últimos anos... E o Guess e a Filipa podem dividir os DVD's (não andem à batatada pelo Lost, sff - ah, e Futurama deve ir para o Dae!). O Hugo pode ficar com os CD's, que ele é a personificação musical da minha vida. Alguém faz leilão pelo portátil e material tecnológico? É um bicho de boa qualidade, quase 3 anos e nunca me deu problemas.

É que, sei lá, isto deve parecer algo mórbido, mas não se devia deixar estas coisas escritas para os nossos desejos serem realizados? Não vos faz um certo sentido? Ou eu sou anormal de todo?

E o meu amado Zoo? Não teria que ser avisado? É que se não apareço lá para trabalhar, ficam com má impressão minha e se estiver morta não tenho culpa!XD

Enfim, é daqueles assuntos meio tabu e que a malta prefere não pensar porque é perturbador ou porque teoricamente somos tão novos que o assunto é menosprezado. Mas lá que elas acontecem...

Para efeitos kármicos, que se calhar o Sr. Karma (bem, segundo o Earl, é a Sra. Karma e ele parece dar-se bem com estas questões) está a ler isto e decidiu que a missão da minha vida era escrever este post e por isso vai matar-me num futuro próximo com uma crise de asfixia porque uma mosca me entrou na boca (oh, the irony!), considerem esta parafernália de disparates existenciais como uma espécie de meu Testamento. Deixo aqui as minhas declarações de amor às pessoas não presenteadas com os meus artigos de cultura coleccionáveis, isto porque um Testamento bem feito, na minha cabecinha, tem os artigos diferenciados quase um a um e respectivas explicações. O que é particular e mais pessoal, fica para quando eu tiver 50 anos e um advogado.

MJNuts

P.S.- E nem sequer cheguei a falar do que haverá para lá da Morte! Ah, a sorte que vocês têm!

Monday, August 6, 2007

Half Jack

Tal como acontece com as minhas colegas participantes deste blog, também eu sou um fã dedicado desta grande banda, que é os The Dresden Dolls. A paixão e emoção que Amanda (vocalista) tem ao cantar as músicas são de uma magnitude enorme - algo que não se encontra facilmente entre a maioria dos cantores. Amanda compõe todas as músicas que canta e as letras, também da sua autoria, são, na grande maioria dos casos, baseadas em experiências passadas da sua vida. Ao que consta, a sua infância não foi lá muito famosa, o que explica os berros, a voz quebrada ou mesmo as lágrimas quando canta estas grandes músicas ao vivo.

No entanto, nem todas são decifráveis à primeira leitura. Na verdade, existem algumas músicas cujas letras são bastante complexas e difíceis de interpretar. Um bom exemplo deste facto é a Half Jack, que, em minha opinião, é das músicas mais potentes da banda. A agressividade da explosão do piano, da bateria e da voz de Amanda conferem à música uma intensidade grandiosa. Mas chega de elogios da treta.

Curioso, fui procurar possíveis teorias e interpretações para o significado da letra e, embora tenha encontrado algumas que encaixavam como uma luva, gostava de saber o que pensam do assunto. Queria saber o que acham que é tratado e, para não influenciar ninguém, não vos vou dar (já) a minha opinião.

Após a letra, deixo um clip com a música. Visto a banda não ter qualquer videoclip para ela, procurei um vídeo da treta que não vos distraísse muito do tema. Não vale mesmo a pena verem. Podem, se quiserem, ouvir a música enquanto lêem.

Facto: No site oficial da banda, Amanda escreveu junto a esta música "For my father".


Half underwater.
I'm half my mother's daughter.
A fraction's left up to dispute.
The whole collection
Half off the price they're asking
In the halfway house of ill repute.

Half accidental.
Half pain full instrumental.
I have a lot to think about.
You think they're joking?
You have to go provoke him.
I guess it's high time you found out.

It's half biology and half corrective surgery gone wrong.
You'll notice something funny if you hang around here for too
Long ago in some black hole before they had these pills to take it back.
I'm half Jill
And half Jack!

Two halves are equal.
A cross between two evils.
It's not an enviable lot.
But if you listen
You'll learn to hear the difference
Between the halfs and the half nots.

And when I let him in I feel my stitches getting sicker.
I try to wash him out but like they said: the blood is thicker.
I see my mother in my face
But only when I travel.
I run as fast as i can run
But Jack comes tumbling after!

And when I'm brave enough and find a clever way to kick him out.
And I'm so high not even you and all your love could bring me down.
On 83rd he never found the magic words to change this fact:
I'm half Jill
And half Jack!

I'm halfway home now.
Half hoping for a showdown.
'Cause I'm not big enough to house this crowd.
It might destroy me
But I'd sacrifice my body
If it meant I'd get the jack part out!

See, Jack, see, Jack,
Run, Jack, run, Jack...




Guess

Wednesday, August 1, 2007

Harry Potter and the Deathly Hallows

Regressada da minha curta ausência antes de partir para a próxima curta ausência, tive o tempo e a oportunidade (entre os outros dois caramelos que me obrigavam a ler à vez e capítulo a capítulo) de finalmente ler o último livro da saga de Harry Potter. Sim, porque o Harry Potter é para se ler depressa, senão quando damos por nós já há spoilers por todo o lado!

Por isso, vou já começar por deixar um gigantesco aviso de spoilers para não lixar a leitura a ninguém!

SPOILERS - quem não quer ficar fulo da vida com a minha pessoa por saber coisas a mais da conta, mantenha-se longe!

Eu, como muita gente por aí, já há alguns livros que leio o Harry Potter, porque pronto, a dada altura a gente já só continua a ler porque quer saber como vai acabar. E como a saga da J.K. Rowling até tem qualidade de sobra para uma pessoa não se chatear e já nem do final querer saber, eu mantive a minha fidelidade.

Impressão geral: um bom livro, mas não excelente. O melhor de Harry Potter and the Deathly Hallows está a uma distância considerável do melhor de Harry Potter and the Prisoner of Azkaban ou o melhor de Harry Potter and the Half-Blood Prince (um livro algo mediano dentro da saga, mas cujos melhores momentos são efectivamente magníficos).

Em relação à plot... Previsivelmente, dado o fim do livro anterior, seria de se esperar que a metade inicial deste fim de saga fosse um tédio descomunal. Ok, tédio descomunal é capaz de ser um termo excessivo, mas a 1ª metade deste Deathly Hallows é sem dúvida morna e até um pouco desinteressante, ao estilo da 1ª metade de Harry Potter and the Order of the Phoenix. Além disso, na 1ª metade do livro, levamos com uma Hermione a chorar no mínimo uma vez por capítulo, o que é sinceramente irritante. Não era assim que eu me lembrava dela e eis que aqui temos mais uma excelente forma, a par da relação com o Ron (milagrosamente melhorado e amadurecido no livro só para o efeito), de me fazer tirar a Hermione do meu Top de personagens preferidas do Harry Potter.

Já toda a gente sabia que o livro seria sobre a busca dos Horcruxes, por isso toda a gente previa que o título teria a ver com isso. Diz que parece que afinal não senhora. Os Deathly Hallows são mesmo a grande surpresa do livro, surgidos de uma daquelas realidades obscuras que muitos julgam conto ou mito, mas que tem fundo de verdade. Tal como os Horcruxes, são objectos que podem ajudar a eliminar o Voldemort e aos quais J.K. dá um misticismo que nos fascina e nos faz querer saber mais. Dumbledore plantou as pistas de forma ao Harry poder escolher a alternativa que lhe parecesse melhor. Isto, embora infinitamente bonito e wowww e whatever, traz duas coisas que me chatearam o suficiente: 1º, a exaltação suprema do Harry como mega-herói, selfless (não me ocorre nenhum equivalente português, desculpem), tãaaaaoooo melhor que todas as outras pessoas do Mundo, inclusive muito à frente do Dumbledore (LOL); 2º, com dois lados para onde se virar, J.K. descurou tanto Horcruxes como Hallows e fica a sensação que podíamos saber mais e melhor sobre ambos. No caso dos Hallows, isto é evidente, porque surgem de modo algo aleatório e quando damos por nós já toda a gente mandou um bitaite conveniente que nos informa sobre a questão de forma um pouco deficitária. No caso dos Horcruxes, a coisa passou-se de outro modo. O 6º livro tinha-nos dado muita informação, e sólida, sobre o assunto, neste 7º tudo o que havia a fazer era encontrá-los e destruí-los. E é isto que leva ao secão da 1ª metade do livro, porque ninguém sabia onde os encontrar ou o que fazer com eles, então vão arrastando o tempo com conversa de chacha e dúvidas existenciais. Quando de repente sabem o que há a saber, é um frenesim que nem se percebe de onde apareceu aquilo. Os bitaites convenientes e aleatórios, lá está.

O Voldemort surge aqui mais parvónio e desesperado que em livros anteriores. Eu custa-me a acreditar que um homem que chega a tamanho ponto de poder e semi-omnipotência seja tão imbecil. Sim, sim, o amor e tal e ele não entende, mas pelo amor de Deus! Um Senhor do Mal um bocadinho mais inteligente teria protegido não só a Nagini, mas o penúltimo Horcrux também. Além disso, aquela obsessão dele com o Harry é doentia e só lhe trouxe dissabores. Se ficasse sossegado na sua demanda pelo controlo do Mundo escusava de se ter chateado com putos imberbes e literariamente despenteados (só literariamente, porque cinematograficamente o gel não faz efeito no Daniel Radcliffe). O Harry tem a importância que o Voldemort lhe deu, tão simples quanto isso. Eu que até o achava um senhor bastante cool e tal, com uma certa pose... Bah, esquece lá isso.

Uma coisa que gostei bastante no Deathly Hallows foi a forma como todos, ou quase todos, os personagens que foram surgindo em pequenas aparições ao longo da saga tiveram o seu papel, nem que fosse para morrer! Ou então surgia o seu nome só assim num parágrafozito para fazer o jeito. Gostei de os rever, já nem me lembrava de alguns. Faltou a Murta Queixosa! Mas apareceu uma fantasma porreirita para compensar.

Falando agora do que mais me interessa no Harry Potter, ou seja, as personagens. Já falei do Voldemort, mas é só porque esse é caso flagrante.

Em relação aos nossos 3 estarolas, o que posso eu dizer? A Hermione desiludiu-me. Mesmo. Foi uma sombra do que eu me lembrava dela ser (para aí 2 ideias de génio em 600 e tal páginas), para não falar da choradeira digna de desidratação. Já era uma gag recorrente lá em casa entre o grupo, cada vez que alguém dava pelo choro da Hermione, tratava de ler a passagem para o gozo ser geral. Se pensar bem no assunto, este descambar da Hermione era algo previsível e tem-se vindo a notar desde o 5º, com maior incidência no 6º, o afamado book of the snogging, em que de repente as hormonas estalaram e toda a gente comia toda a gente. E enfim, foi a Hermione que se viu. O Ron foi basicamente a 1ª vez que gostei dele desde o longínquo Harry Potter and the Philosopher's Stone. Passou livros a ser usado como parvo, imaturo e arma de comic relief, mas a J.K. lá achou que o que era demais enjoava e ofereceu-nos um Ron por fim aceitável. Não sem um último acto de rotunda estupidez e deslealdade, obviamente agraciado com um acto heróico e uma desculpa válida alguns capítulos mais tarde. O Harry... Bem, o Harry nunca foi senhor das minhas preferências. Gosto dele e tolero-o como faria ao simpático animal de estimação de um qualquer amigo meu. Mas não me arrebata o coração. De vez em quando irrita-me, o resto do tempo tenho um interesse meio vago e desprendido na sua pessoa. Neste livro, irritou-me mais do que me interessou. Bem, claramente que me interessou, porque se houve livro centrado no garino da cicatriz foi este! Não havia escape possível. Mas o Harry cometeu aquele erro imperdoável que me fazia ter vontade de esbofeteá-lo cada vez que tinha de ler algumas linhas sobre o assunto: duvidou do Dumbledore. Pelos motivos mais parvos. Então o homem foi professor dele, ele sempre foi tão obcecado com a sua cicatriz que só falava de si próprio com o homem e depois tem o DESPLANTE de ficar furioso porque o Dumbledore não lhe contou como ele tinha sido na sua juventude?! Merecia era dois sopapos para acordar para a vida! E, claro, eu não reajo muito bem a personagens com o Mundo às costas de que toda a gente depende e cujo valor é exaltado infinitamente, mesmo quando eu olho para ali e só vejo banalidade.

O Dumbledore é tipo o Gomes Freire de Andrade ou o Frei Luís de Sousa. Daqueles ausentes mais presentes que alguns que estão efectivamente a passear-se por ali! Eu sempre adorei o Dumbledore. Acho que um velho sábio e bondoso é daqueles arquétipos de personagem a que ninguém resiste. Principalmente quando se tem a coolness do Dumbledore. Para minha grande dor de coração, a J.K. achou que seria um inovador plot twist lançar dúvidas sobre a grandeza e seriedade deste brilhante senhor. Custou-me bastante, embora eu, insultando o Harry volta e meia, me tivesse mantido sempre fiel à ideia que construí do velhote. Eu tinha razão, ao contrário do Harry, mas isso não me poupou à leitura de um capítulo no campo do espiritismo em que o Dumbledore aparece e fala e é quase visita de médium (ah! trocadilho engraçado) e em que, mais uma vez, é feita a exaltação das qualidades do Harry até à exaustão, com a agravante aterrorizadora em que o Dumbledore se declara inferior ao puto. Não acho normal. E chora e tudo e desboca-se ali dos seus segredos... Enfim, acho bem que nos dêem um capítulo em que as pontas soltas são explicadas, escusavam era de pôr o Dumbledore tão off-character que me estava a fazer lembrar uma mistura de Professor Trelawney com o Hagrid quando está deprimido. Ainda assim, postos de lado os sustos, confirma-se a genialidade do Director de Hogwarts, confirma-se a excelência da sua mente, da sua capacidade de avaliação de carácter, é de novo realçada a inteligência dos seus planos. És grande, Dumbledore!

E agora falando do meu herói pessoal... Esse grande personagem que os meus putos do ATL gozavam comigo por eu gostar (quando se tem 9 anos, é muito pouco natural gostar-se dos maus da fita... ou dos dúbios, vá lá)... Severus Snape. Eu nunca duvidei dele. Eu tinha fé que aquela passagem para o lado negro tinha muito que se lhe dissesse além das aparências. Mais ainda, se a passagem para o lado negro se confirmasse, eu não queria saber, porque eu adoro o Snape à mesma! Mas foi muito bom, ver confirmado o meu instinto, que agora posso ir sacanamente esfregar nos egos inchados de quem me gozou e falou mal do Snape. Foi muito bom ver o único que alguma vez teve tomates para baixar a bolinha ao Harry ser recompensado por isso. Foi muito bom ver o Harry ter um momento em que não era o puto mega-herói, era apenas um puto que de facto estava redondamente enganado sobre uma pessoa, porque não se pode estar sempre certo. O Snape é excelente, apareceu demasiado pouco para o meu gosto e exigência, mas esteve em grande e merece todos os louvores possíveis. Ele é, na sombra, no sofrimento, na dureza das suas tarefas, o verdadeiro e marginalizado herói desta saga. Eu dou-te valor, homem! A sério que sim!

Ah, ia borrifar-me para as restantes personagens, mas acho que os Malfoys merecem uma nota digna de registo. Eu sempre achei que aquela família tinha potencial e teve! Das cenas mais fortes e bonitas que já li da Rowling! Uma mulher loira, inicialmente não identificada, a baixar-se para sentir o pulso ao Harry, a respiração no pescoço, uma pausa... "O meu filho?" Lindo. Narcissa Malfoy é do melhor.

Os Weasleys pouco ou nada apareceram, as gentes da Ordem também. A Bellatrix prometeu mais do que cumpriu. O Neville cresceu brilhantemente e o que eu não dava para se ter visto maior destaque da Luna Lovegood na saga!

Quanto às mortes... Bem, não chorei baba e ranho por nenhuma. Eu estava convencida que o Harry ia morrer, mas a J.K. lá se livrou de escrever Harry Potter and the Honeymoon doutra maneira. Fiquei muito triste com a morte do Dobby e todos aqueles momentos do funeral. A morte do Fred também foi pesadota, principalmente quando, parágrafos antes, ele estava a rir e divertido com o Percy, recém-aceite na família depois de anos de estupidez crónica.

Para terminar esta coisa comprida, vou falar do epílogo. Como já deve ter dado para entender pelas minhas preferências pessoais, eu não sou dada a clichés e a adorações de personagens para os quais a maioria tem queda. Como tal, ler um epílogo de "19 anos depois" com toda a gente casada e com filhotes... Pah, wtf?! É que, para cúmulo, a única coisa que se percebe é que X se juntou com Y e pariu filhos com tais nomes! Não se entende que fizeram eles da vida, o que são agora, como ganham a cheta, nada! Monumental anti-clímax depois daquele fogo-de-artifício todo da 2ª metade do livro! E, já agora, o Harry tem um puto chamado Albus Severus? E homenagem ao Sirius, não? Se há coisa lamechas e barata é dar aos filhos nomes em homenagem a terceiros. Que são os filhos todos do Harry, portanto, a Ginny não teve voto na matéria.

Bem, isto deve parecer que eu odiei o livro, mas não, não se deixem enganar pela fogosidade dos meus parágrafos! Gostei do livro, sim senhora, só não achei que fosse uma obra-prima. Mas Potter é Potter e dá sempre boa e viciante leitura, por isso é para ler e comprar, que vale a pena ter a saga à mão.

Peço desculpa pelo post comprido e algo confuso e incoerente, mas foi o que foi saindo. Tenho a sensação que me esqueci de mencionar algumas coisas, mas pronto, não pode sempre sair tudo perfeito.

MJNuts

Nota: optei por pôr os nomes dos livros em inglês, porque ainda não há título português para este último. Não foi um golpe elitista de uma louca pseudo-intelectual. x)